quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Viver para Servir

Num dia desses um vôo levou mais tempo do que deveria para chegar a SP. Lágrimas, orações, medo.

Sabemos que estamos no caminho certo quando permanecemos o mesmo em momentos de tensão, mesmo que exista a possibilidade deste momento ser o último de nossas vidas.

Durante turbulência eu li na revista Época São Paulo uma reportagem a respeito de um garçom de 90 anos, que convenceu o dono do restaurante a deixá-lo trabalhar ainda os domingos neste ano de 2009.

Este senhor não aparenta a idade que tem, e tem consciência que isto se deve a sua convivência com pessoas jovens e ao fato de nunca falar ou reclamar das características advindas com a idade.

Este homem é praticamente um samurai, um servo. Não há trabalho mais nobre neste mundo.

domingo, 9 de agosto de 2009

Várias Vidas Severinas

Dizem que todo ser humano anseia por felicidade.

Eu digo que alguns anseiam apenas por comida, por paz e por justiça.

É no século XX, no nordeste do Brasil que encontro os clássicos estereótipos do homem nas suas várias feições e formas de lidar com a vida.

Coronel, mercador e padre já são personagens conhecidos, e nenhum deles me apetece.

Gosto do GRILO. O Grilo é aquele que nasceu sem posses, que cresceu em meio a pobreza, mas sempre usou da astúcia para sobreviver. É natural que ele tenha várias características do lendário Pedro Malasarte, de Pedro Bandeira, com todas as suas maldades justificadas pela intenção de vingar os oprimidos e dar uma lição aos coronéis. Mas o Grilo dá nó em pingo d´agua porque não tem outra opção, é isto ou a escravidão e morte. Pedro Malasarte poderia ficar rico, o Grilo não.

Junto com o GRILO temos Chicó.... o homem sem coragem, mas com muita "valentia".. do tipo que coloca muito homem para correr, mas o Chicó sempre é mais ligeiro e some do mapa antes de ser alcançado...

Outro personagem interessante é o jagunço tão bem representado por Ujuara, do livro “Pelejas de Ojuara”, de Nei Leandro de Castro, adaptado para o filme “O Homem que desafiou o Diabo”.


Não há medo, coragem não falta. Nem o Diabo para este homem!

Tanto o Grilo, quanto Ujuara representam formas agressivas de lidar com a vida Severina... e sem dúvida nenhuma são formas válidas, pois a vida anseia por existir, e a partir do momento que outras vidas não são prejudicadas no processo, o método, para mim, se torna válido.


segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Charles Chaplin


"Se tivesse acreditado na minha brincadeira de dizer verdades teria ouvido verdades que teimo em dizer brincando, falei muitas vezes como um palhaço, mas jamais duvidei da sinceridade da platéia que sorria."
- Charles Chaplin

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Morte Natural

Durante a idade Media, mais precisamente no século XIV, estima-se que um terço da população mundial - 75 milhões de pessoas - pereceram contaminados com a peste negra ou bubônica.

Por volta de 1918~1920 estima-se que a gripe espanhola matou cerca de 40 milhões de pessoas, o que corresponde a 50% da população mundial da época.

Em 2008 a OMS estima que ocorreram 2,2 milhões de mortes causadas por Aids.

A malaria, causa por um simples mosquito, mata cerca de 1 milhão de pessoas por ano.
Querem estatísticas sobre o Brasil? Visitem o site abaixo:

http://oglobo.globo.com/blogs/amazonia/post.asp?t=as_doencas_que_mais_matam_no_brasil&cod_Post=138506&a=251

Cerca de mil pênis são amputados por ano no Brasil.

A morte é triste para os que ficam. Para morrer basta estar vivo. Mais triste do que morrer é ver as pessoas a nossa volta morrendo ou sofrendo.

Mas, é importante falarmos naturalmente de tudo que é natural.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Histórico da Marginalidade no Brasil


Um dos grandes interesses da humanidade (em geral) é sumir com todo tipo de violência existente. Mas isto nunca foi possível, e o máximo que conseguimos é afastar um pouco da violência existente, colocando-a num lugar distante, a margem da sociedade. Daí surge o conceito de marginal.



Um exemplo de convenção: Um adulto que mantêm relações sexuais com uma pessoa menor de idade pode vir a ser preso e afastado de nós, porque não queremos este tipo de pessoa perto de nós. Hoje não queremos. Até cinquenta anos atrás mulheres se casavam a partir dos 15 sem problemas.


Uma vez definido que tipo de pessoas não queremos por perto, temos que pensar o que fazer com estas pessoas...

De modo geral, a idéia de prisão como punição é algo realmente recente. Antes do século XIX os acusados eram mantidos sob custódia apenas até a sentença - suplício, morte ou libertação.


Segundo Durkheim, o objetivo maior da punição é servir de satisfação aos justos, e não propriamente punir o delinquente.

Segundo Nietzsche, apenas o que causa dor fica na memória.

Seja lá como for, hoje temos um Direito Penal, para todos os efeitos, separado do Código Civil. As pessoas atrás da grades finalmente atingiram o auge da marginalidade. Formaram uma nova sociedade. Possuem leis próprias, regras, hierarquias, economia, juízes e carrascos.

Hoje temos cerca de 400.000 presos no Brasil, e apenas 170.000 vagas.

Neste post não há opiniões, salvo as de Durkheim e Nietzsche.

Juliana Natal, Danilo Régis e Evaristo de Souza - UFABC - 27/07/2009

sábado, 25 de julho de 2009

Vida Artificial e Inteligência Artificial


Dificilmente uma postagem minha deixará de conter a palavra vida. Afinal de contas, o que mais importa além da vida?

Mas o que é vida? Todos nós temos uma idéia do que seja, mas aprendi que definições precisas só devem ser mencionadas se forem úteis, pois toda definição é uma limitação. E para quem acha que a resposta está na ciência, lamento desapontá-los, mas existem mais definições na vida cotidiada...

Mas dentre as poucas definições cientificas que existem, a que mais agrada é a definição termodinâmica:

“Vida é todo sistema que tende reduzir a entropia em meio a tendência padrão do universo em dispersar-se (aumento da entropia)”

Entropia é, entre outras coisas, o grau de dispersão dos elementos de um sistema.

Vida artificial não envolve memorização, repetição, imitação. Envolve sim evolução, mutação e seleção natural, ou seja, é o mesmo conceito da biologia.

Inteligência artificial é bem mais simples do que se obter. E este tipo de sistema sim que envolve memorização, repetição, imitação.

O mais interessante é nos posicionarmos em relação a estes conceitos... Devemos ser realmente felizes por sermos inteligentes?

quinta-feira, 23 de julho de 2009

De Molder à Moddy


Escrever debilitado exige mais atenção. No meu caso isto costuma ocorrer em qualquer horário depois das 22h.

É depois deste horário que meus monólogos se tornam mais indicados que quaisquer outras conversas com outras pessoas. E mesmo isso não quer dizer que os monólogos tenham qualidade.

Vamos fazer um teste, vou escolher um tema aleatório... ... ... ... ...

A TV é inspiradora, e David Duchovny sempre me ajudou nos momentos difíceis.

Lembro-me de quando tinha 13 anos, numa sexta-feira fria de julho de 1995. Neste dia passou em rede aberta – Record – o primeiro episódio de Arquivo X.

Aquele seriado marcou uma época. Eu não perdia uma edição da revista Sci Fi News. A internet ainda não tinha conteúdo, mas os livros e revistas sim.

David Duchovny teve muitas dificuldades para deixar seu personagem. E eu tive um pouco de dificuldade para me desvencilhar das ilusões e das necessidades de teorias conspiratórias.

Muita coisa aconteceu nestes últimos 14 anos. E hoje assisto Californication, onde Duchovny é Hank Moddy, um escritor numa fase de pouca inspiração e muito hedonismo (prazer como finalidade última da vida).

Entre mistérios e hedonismo existe algum ponto em comum? Provavelmente sim, mas é muito mais simples visualizar a gritante diferença que existe entre o conhecimento e vivência dos mistérios que progride a passos lentos, e a vivenciação imediatista do hedonismo.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Homer? Charles Harper?



Um dia desses meu caro amigo Rafael questionou o fato de eu espelhar minha vida em Homer Simpson e Charles Harper (Two and a Half Man)... Acho que seria uma boa escrever a respeito.

Estes meus dois "ídolos" podem ser definidos pela filosofia aristotélica como seres viciosos, o que significa que não são incontinentes (não desrespeitam as regras), simplesmente nunca param para pensar que as regras existem !

Eu pessoalmente os vejo como bon vivants! E ao invés de seres viciosos eu prefiro encará-los como empíricos – vide Francis Bacon, Hume e Locke.

Para esclarecer mais o assunto, permitam-me falar a respeito dos outros três tipos aristotélicos ao meu ver....

  1. Virtuoso: Todos aqueles que levam a vida em função da bondade e do correto. Quando não são filósofos correm um sério risco de causar o mal as pessoas que os cercam, pois a bondade é relativa. Nunca se esqueçam, quem mudou o mundo não foram os santos, mas os filósofos.
  2. Continente: É nesta categoria que nós normalmente nos encaixamos. Fazemos o correto porque é correto, na visão de alguém de respeito. Cumprimos leis que não compreendemos e nos submetemos a coerção social – vide a sociologia durkheimiana.
  3. Incontinente: São todos aqueles que sabem que estão fazendo algo errado... dispensa mais detalhes da apresentação.
  4. O quarto seria o vicioso, já apresentado em partes, que em resumo seria aquele ser alienado as leis e regras vigentes.

Os 3 primeiros tipos são focos dos incansáveis discursos de Sócrates – Platão (jamais saberemos quais palavras foram de quem), e das incontáveis criticas de Nietzsche.

Em qual categoria vocês preferem pertencer? Ou quais... se é que isso é possível.. (eu acredito que sim...)

terça-feira, 14 de julho de 2009

São Paulo -> Manaus

Escrevendo diretamente do vôo São Paulo Manaus. Pouco mais de 3,5h para ler, escrever, ouvir música, dormir, acordar, comer, e repetir tudo isso variando no máximo de ordens possíveis e permitidas pelas leis da união e normas das linhas áreas Gol.

É possível executar alguma ação que não está prevista em alguma lei ou norma? Naturalmente que sim, desde que desconsideremos as leis naturais que regem o universo.

Como bem sabemos, uma lei em sua essência é reconhecida pela mesma resposta que dá a perguntas iguais, desde que partindo de emissores iguais, seja através de um mesmo canal ou por canais diferentes, desde que os sinais formem no receptor a mesma mensagem.

Isto significa que toda lei é em sua essência um processo de comunicação ! Interessante, não?

Em meio aos céus de Brasília, penso agora no fato de toda fé ser irrelevante. Por exemplo, é fato que um avião de porte médio, pesando cerca de 8ton precisa atingir 480km por hora com uma envergadura de 30 graus para conseguir decolar. Isto irá sempre acontecer dentro de um mesmo ambiente esperado, quer o piloto tenha fé, quer não. Estas são as chamadas leis da aerodinâmica.

Em cerca de duas horas estaremos aterrissando. Espero para o bem de todos que nenhuma lei seja desrespeitada até lá.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

O Teatro da Vida

Cada personagem de nossas estórias leva um aspecto de nossa alma. Não existe estória sem contexto. O niilismo sempre será conceitual. Não existe vida sem sentido, e não existe sentido sem um palco, atores e platéia. Eis o motivo de todo filósofo se referir a existência como o “teatro da vida”.

Neste teatro, quantas pessoas convidamos a participar da nossa peça? E quantas apareceram sem convite? Calcule a proporção e encontrará o grau de previsibilidade que está acostumado a lidar, e que muitas interpreta como sinônimo de autonomia, independência e controle.

Na cultura oriental o histórico samurai – aquele que serve – inicia o seu dia tendo como único objetivo servir ao seu mestre e nunca tem a certeza que viverá até o cair da noite. Vivendo desta forma, a natureza se responsabiliza por todo o resto, e ele aceita sem questionar todos os fatores externos, e leva a si todas as criticas que por ventura surjam.

Um verdadeiro sábio que não aprecia o saque sabe que há algo errado consigo, pois a o saque é um fruto da natureza, e a natureza é perfeita. Tal perfeição pode ser questionável pelo ocidente, mas nem todos os cientistas do ocidente junto seriam capazes de reproduzir um única molécula da natureza tendo em mãos seus elementos, vide Miller e sua atmosfera redutora.

Por estas e outras, posto novamente aqui as palavras de um grande homem, Sr. Pugliese, médico, exímio representante do teatro da vida, grande pensador e construtor de sua época na cidade de Santo André:

"Nós não temos condições de enxergar a nós próprios... Podemos ver o Outro, mas não podemos ver a nós mesmos...então, se quisermos saber a qual altura de nossa caminhada estamos, olhemos ao redor...Olhemos aos amigos, aos parentes, às pessoas com quem nos relacionamos, olhemos ao Outro, porque eles nos dão a exata medida de quem somos, porque nos espelham... "

domingo, 12 de julho de 2009

Começando as postagens

É muito mais simples escrever estórias sobre nosso passado. Completamos velhos momentos com novas visões. Nunca um abraço foi tão longo quanto aquele, nunca um janeiro foi tão triste. E assim formamos hoje nosso passado, com muito de ontem e um pouco de hoje.

Forçando um pouco as idéias de Schopenhauer, eu diria que podemos começar hoje uma estória que terminaríamos décadas atrás. Mostraríamos todos os links que nos levam até aquele inicio. Aquela pessoa sem importância que nos apresentou aquele grande amigo. Aquele emprego que perdemos e nos levou a outro e este aquela sexta-feira onde aquela pessoa apareceu e sorriu.

Quantas vezes as mesmas opções foram apresentadas? Quantas vezes perguntaram quem somos? E quantas vezes a resposta abrangeu apenas as memórias de glória completadas pelas impressões de hoje?

Mas enfim, existe vida fora de um contexto? Creio que não. Se o passado fez de nós a pessoa que somos hoje, não temos porque nos envergonhar.

Seria um erro ser sincero? Vejamos. Eis uma explicação que alguns queriam ouvir.

Sou um homem sem inimigos declarados. Mas nunca me preocupei em fazer o bem, apenas em ser um bom homem. Isto porque nunca me considerei apto a saber o que é certo para os outros, e algumas vezes nem a mim mesmo.

Mas como nunca vi um homem mal ser criticado pelas bondades que faz, prefiro o titulo de mal, pois os bons neste mundo sofrem muitas vezes inutilmente desperdiçando a vida agradando e convencendo pessoas a respeito de sua bondade.

Ouvi dizer que escrevemos o futuro hoje. Que cada resposta nos levará a um caminho. Vejo as respostas do meu passado e me preocupo com a responsabilidade que temos para com o amanhã.

Façam-me um favor, tragam mais lenha para a fogueira e outra garrafa daquele velho vinho.

Vamos celebrar o passado, continuar ignorando o futuro. E vamos fazer deste dia uma estória para contar aos nossos netos....